Carta sobre a Frente de Esquerda nas eleições 2014 no Paraná

Escrevemos esta carta à direção estadual do PSOL para dar continuidade as discussões sobre a possibilidade da construção de uma Frente de Esquerda entre PSTU e PSOL no Paraná. Desde dezembro do ano passado realizamos três reuniões entre as direções estaduais de ambos partidos. Não reunimos com o PCB por que na ocasião este partido estava em período congressual de definição sobre qual seria sua política perante as eleições 2014 em nível nacional e estadual. Procuraremos os companheiros do PCB nas próximas semanas.

Nas reuniões que realizamos com o PSOL explicamos sobre nossa disposição de trabalhar pela unidade da esquerda através de uma Frende Eleitoral e que seria importante essa unidade expressar-se nas lutas concretas. Naquele momento apresentamos os critérios e condições políticas que, para nós, devem ser considerados para avançarmos na unidade, as condições e critérios seguem:

1. Apresentar nas eleições um programa socialista e anti capitalista, que represente de fato os interesses da classe trabalhadora e da juventude. Tal programa deve representar as demandas levadas as ruas nas manifestações do ano passado, mas precisa expressar mais do que isso, deve representar as reais demandas dos trabalhadores, incluindo a luta contra toda forma de opressão. Ele precisa ser construído democraticamente com todos aqueles e aquelas que lutam contra a exploração e opressão no sistema capitalista.

2. Contra qualquer tipo de apoio ou aliança com partidos de direita, que estão no governo e na oposição, tais partidos representam os interesses dos capitalistas e latifundiários. O arco de alianças deve ficar restrito apenas ao PSTU, PSOL e PCB, partidos que estão no campo de oposição de esquerda.

3. Não receber qualquer tipo de apoio financeiro dos bancos, das indústrias, do agronegócio e das multinacionais. Nossa campanha deve ser financiada e comprometida apenas com a classe trabalhadora, os explorados e oprimidos na sociedade capitalista. 

4. Respeito ao peso político e a inserção social dos partidos na classe trabalhadora, na juventude e nos movimentos sociais.

Em base a esses critérios explicamos que o PSTU não poderia simplesmente fazer uma adesão às candidaturas do PSOL. O programa, o financiamento de campanha, o arco de alianças e o respeito ao peso dos partidos são condições políticas fundamentais para constituição da Frente. Na ocasião propusemos que cada partido ocupasse uma candidatura de importância, ou Governo ou Senado. Para nós não estaria correto nenhum dos partidos ocupar as duas candidaturas de maior destaque no dialogo com as massas. 

A partir deste entendimento informamos que estaríamos dispostos a abrir mão da candidatura do companheiro Rodrigo Tomazini ao Governo do Estado, ficaríamos com a candidatura ao Senado.

Diante dos critérios e condições apresentadas a direção estadual do PSOL nos informou que a unidade em uma Frente de Esquerda dependeria da definição da Conferência Eleitoral Estadual do partido. Decidimos por suspender as reuniões e aguardar o resultado da Conferência Eleitoral. 

Esta Conferência foi realizada na metade do mês de abril, quando veio a público a informação de que o PSOL teria Bernardo Piloto como candidato ao Governo e Piva como candidato ao Senado.

Até o momento o PSTU não foi procurado para dar continuidade ou por fim ao esforço que vinhamos fazendo pela construção da Frente de Esquerda no Paraná. Não tivemos o retorno prometido quanto a disposição política de avançar na unidade nas eleições em base aos critérios que vínhamos debatendo e que explicamos acima nesta carta.

O PSOL deu início a um ciclo de debates chamado “Paraná em debate: na linguagem das ruas”, através do qual o partido pretende construir o seu programa para as eleições. Ao que parece essa iniciativa sinaliza para a candidatura própria. Havíamos esboçado a proposta de debater publicamente, junto aos lutadores e movimentos sociais o programa político, oportunidade na qual iríamos expor nosso projeto de programa socialista para os trabalhadores no Paraná. Essa questão não é secundária, sabemos que temos diferenças programáticas nos terrenos estratégico e eleitoral, seria necessário um esforço mútuo de nossas organizações, ao mesmo tempo somos francos em dizer que a aliança não se daria em base a qualquer programa.

Escrevemos esta carta para saber oficialmente qual a posição da direção estadual do PSOL sobre a unidade eleitoral através da Frente de Esquerda em 2014, para termos clareza se os esforços continuarão, uma vez que não fomos informados oficialmente da decisão adotada na Conferência Eleitoral de vosso partido. Sabemos que PSTU e PSOL possuem projetos estratégicos distintos, somos um partido que tem a revolução socialista como estratégia enquanto o PSOL entende que é possível avançar através das reformas nos marcos do capitalismo, as eleições e a aliança eleitoral é tática para nós. 

Prezamos pelo respeito mútuo e a honestidade entre os partidos políticos de esquerda, por isso estamos procedendo desta maneira.

Saudações marxistas,

Direção Estadual do PSTU

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