quinta-feira, 4 de abril de 2013

Três meses após as eleições, a cidade de Sarandi mergulha no caos.

Por Rodrigo Tomazini, do PSTU Sarandi

Esse foi um início de ano muito movimentado na cidade de Sarandi. Mesmo passando por diversas crises no último período, como a da questão do lixo, o aumento do IPTU e a cassação do ex prefeito Milton Martini (PP), podemos considerar esse início de ano como de forte mo0vimentação política na cidade.

Um breve histórico:

Assumindo a prefeitura através do afastamento do antigo prefeito Milton Martini, Carlos De Paula (PDT)  termina o mandato e vence as eleições municipais com uma ampla rede de coligações e muita propaganda enganosa, principalmente na questão da saúde, educação e o seu carro chefe: o asfalto. Mais que isso, consegue eleger todas as cadeiras da Câmara de Vereadores, ficando essa a serviço de seu mandato. Tudo parecia perfeito, até o início de se mandato como prefeito eleito.

Com menos de 15 dias de mandato, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) pediu a prisão e afastamento do prefeito e do Secretário de Educação professor Manoel (PPS), por conta de investigações que apuravam fraudes em licitações do setor da educação. Professor Manoel é afastado do cargo e preso, porém, Carlos De Paula é somente afastado, perdendo os recursos para voltar ao cargo, tanto regional como o estadual.

Mais do mesmo: Sai Martini (PP) entra De Paula (PDT); sai De Paula e entra Aguiar (PPS) .

Como se pode ver, apesar de todas as denúncias de corrupção na cidade (que não são poucas), o mesmo grupo político continua governando Sarandi. Nada mais que trocar seis por meia dúzia. Além de ser vice do prefeito afastado, ou seja, do mesmo grupo político, Luiz Aguiar é do mesmo partido do Secretário de Educação afastado e preso e, muito provavelmente, foi ele quem fez a indicação. Trocam-se os nomes, mas os problemas da cidade continuam os mesmos:
 
O asfalto que foi motivo de muita propaganda eleitoral foi “varrido” pela chuva das últimas semanas. Como sempre denunciamos, isso ocorreria com a chegada do período das chuvas. De nada adianta maquiar a situação! Todo cidadão de Sarandi, mesmo sendo leigo, sabe que a cidade precisa de galerias pluviais, que água da chuva tem de correr por baixo do asfalto e não por cima.

A educação sofre com o descaso e as escolas municipais estão à míngua, tendo a administração municipal sempre a mesma desculpa: não há dinheiro. Professores e funcionários com baixos salários e sem estrutura para trabalhar. As famosas quadras cobertas são um fiasco, pura propaganda novamente, alagadas a cada chuva. Exemplo latente é a quadra da Escola Machado de Assis, no Jardim Panorama. Inauguração com direito a políticos de todos os tipos, porém, hoje em completo abandono.

A saúde está mergulhada no caos. Postos de saúde com lixo espalhado por todos os lados, por falta de funcionários para fazer o serviço da limpeza! A Unidade de Pronto Atendimento sem médicos e com aparelhagem muitas vezes quebrada. Para se ter uma ideia, um posto de saúde foi fechado por não apresentar condições de higiene; na UPA, um enfermeiro foi agredido por um cidadão indignado com as péssimas condições de atendimento.

Mas os problemas não param por aí: Em maio tem nova licitação para o lixo da cidade

Mas para quem pensava que o mar de problemas parava por aqui, isso é só a ponta do iceberg. Além da crise política que assola a cidade, com um enxurrada de denúncias de corrupção, além dos problemas da saúde, educação e estrutura, o fantasma do lixo volta a rondar a cidade.


Todo cidadão sarandiense deve se lembrar dos projetos da burguesia da região de transformar a cidade de Sarandi em um lixão a céu aberto. As lutas durante o ano de 2009 e 2010 chegaram a levar cerca de 700 manifestantes para frente da prefeitura da cidade, com o intuito de barrar a vinda do lixo.  Isso foi conquistado parcialmente.

Mais que isso, era preciso reverter o processo de privatização do aterro, concebido pelo prefeito à época, Cido Spada, até então no PT e hoje no PV. Para isso, os partidos políticos e movimentos sociais, tendo o PSTU, ANEL e CSP Conlutas entre eles, organizaram um Projeto de Lei de Iniciativa Popular e coletaram mais de 5 mil assinaturas de eleitores da cidade. Esse projeto tinha como objetivo a reestatização do aterro e o controle pelos trabalhadores. Foi protocolado em março de 2011 com uma grande manifestação e passeata que sacudiu a cidade.

Dois anos depois, vereadores não se pronunciaram sobre o Projeto Lei de Iniciativa Popular – Nova licitação vem aí

O descaso é a cara da Câmara de Vereadores de Sarandi. Tanto a gestão anterior, como a empossada esse ano, estão a comprovar que os vereadores são os maiores inimigos da população. Legislam apenas por seus interesses particulares, prejudicando a população trabalhadora e, nem de longe, se preocupam com as suas reivindicações. O exemplo do Projeto Lei de Iniciativa Popular só vem a comprovar essa situação. Mais de 5 mil eleitores ignorados!!!

E como o projeto sequer foi votado por esse senhores, agora nova licitação para o lixo de Sarandi é aberta. A licitação está  marcada para 7 de maio e, dessa forma, novamente chegamos a um ponto um risco altíssimo de estarmos muito próximos novamente de empresários sedentos por lucros, querendo transformar a cidade de Sarandi  em um lixão a céu aberto. Da outra vez eram cerca de 500 toneladas de lixo por dia. O que vem agora?
             
Como podemos observar, a situação da cidade de Sarandi, para o trabalhador, é caótica. Mas isso era de se esperar: no sistema capitalista, a procura cada vez maior aos lucros, o abandono das políticas públicas e a corrupção, trazem o sofrimento aos trabalhadores e à juventude. É essa situação que empurra a juventude às drogas, por exemplo, trazendo o aumento da violência. Também é essa situação que traz a infelicidade das famílias da classe trabalhadora. Somente a organização dos trabalhadores e da juventude é que podem travar esse processo.

É hora de ocuparmos os espaços públicos para cobrar soluções para os trabalhadores

A pressão por conta da situação na saúde já começa a dar resultado. Começamos a perceber movimentações no sentido de aumentar o número de médicos. Mas isso é muito pouco. É urgente e necessário maior investimento na pasta, além da contratação de profissionais da saúde em número suficiente. A construção de novas unidades de saúde também é urgente!!! O investimento na saúde, educação, moradia e políticas públicas é fundamental. Não dá mais para aturar o aumento de diárias, a compra de carros de luxo, corrupção e os altos investimentos em propaganda. Temos que exigir que o dinheiro público seja investido nos serviços públicos.

Também temos que exigir uma completa investigação na prefeitura de Sarandi, pois essa está sob suspeita. Além disso, retomar a campanha pela reestatização do aterro, privatizado no governo do PT, controlado pelos trabalhadores, para que esses possam decidir sobre o aterro.

O PSTU se coloca à disposição para estar à frente dessas lutas. Chamamos todas as entidades da cidade que estão contra essa situação para atuarmos juntos, em defesa dos trabalhadores e da juventude de Sarandi.